quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dia 6 - 31/12/2009 - Comodoro Rivadavia a Puerto San Julian

Saímos hoje de "Cumodoro" Rivadavia rumo a Puerto San Julian. Para variar nos amarramos e saímos quase 10 horas da manha. Na estrada até agora a Patagônia tem sido muito boazinha conosco, pois o famoso ventao patagônico nao se manifestou, havia bastante vento sim, mas nem perto da força que é comum nesta regiao. A beleza da estrada é algo. Como disse nosso amigo Juan de Concórdia, quanto se roda na Patagônia tem-se a impressao de se estar indo ao infinito, e é exatamente essa sensaçao que temos na estrada.

Mas essa beleza é traiçoeira, pois ao lado da estrada vimos vários guanacos (eles lembram uma lhama), que nao estao nem aí para o trânsito, se atravessam na pista, na frente de todo mundo, entao atencao redobrada quando avistamos algum. A temperatura do dia estava normal, mas ao chegarmos perto do destino, começou a esfriar um pouco, o vento aumento e começou a chover um pouquinho, mas nada demais. Finalmente chegamos na cidade, muito bonita, com uma beleza simples, singela até, e nosso hotel fica de frente ao mar, bem na frente do monumento aos soldados argentinos que lutaram nas Malvinas (era de Puerto San Julian que partiam os avioes para a guerra) e pertinho da réplica da Nau Victoria.
 
Passeamos um pouco pela cidade (o comércio se concentra quase todo em volta da avenida principal), a Rose já fez a festa e, como estava com frio, comprou um mega-casaco pelo absurdo de 100 pesos (apenas 50 reais!!!). Os preços aqui estao valendo muito à pena, agora eu sei como os argentinos se sentiam quando invadiam nossas praias cheios de dólares enquanto o real estava lá embaixo.
Encontramos uma casa de massas para jantarmos, ela é bem pequena e atendida pelos próprio donos também, um casal chamado Miriam e Adrian. O atendimento era tao bom que parecia que eles tinham nos convidado para comer na casa deles. Até eu que nao sou do álcool tomei um pouco de vino, afinal é año-nuevo e tinha que comemorar com meus amigos.


 Ficamos todos muito encantados com a cidade, e como estávamos bem cansados, propus que ficássemos mais um dia para descansar e aproveitar os passeios que a cidade oferece. O pessoal achou um excelente idéia, acho que estava todo mundo podre mas ninguém queria admitir primeiro, hehehe.
Na virada do ano, ficamos na beira da praia, vimos alguns fogos de artifício e um luar lindo, que deixa uma parte do mar prata com o reflexo da lua. Depois, ao voltar para o hotel, ainda fomos convidados por uma família argentina para um brinde, o pai da família tinha muito amigos brasileiros. Aliás, esse gesto só serviu para confirmar um impressao que eu já tinha daqui: o povo é muito, mas muito amável a amigável.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Dia 5 - 30/01/2009 - Puerto Piramides até Comodoro Rivadavia


"I´m back
I´m back in the saddle again" 
Back in the saddle - Aerosmith 

Roteiro de hoje

Em primeiro lugar, desculpe nao ter postado antes, os dias de viagem tem sido bem cansativos. Quando possível atualizo os dias anteriores e posto algumas fotos. Em segundo lugar, desculpe a falta de alguns acentos (til, por exemplo), mas esse teclado em espanhol é de matar.
Bom, hoje partimos de Puerto Piramides, na Península Valdes pela manha. Acordei bem melhor, dormi direto e meus enjôos passaram, mas a moto continua falhando em alta rotaçao, passar de 120 km/h se tornou quase impossível. Parece que cortaram um zero da cilindrada da moto, em vez de 1000 ela tem 100cc. Conversando ontem com o Carlos, nosso guia em Puerto Piramides, descobrimos que as gasolinas da Argentina tem chumbo, a única que nao tem é a tal ¨Fangio¨, que é a mega-super-ultra gasolina dos caras. Coloquei essa na partida, na estrada a moto continuou falhando até que depois do segundo abastecimento, o motor voltou a funcionar normalmente. Dei um esticadao e ela respondeu forte e rápido como sempre, fiquei tao feliz e aliviado que beijei o tanque. E claro, depois dessa sempre que passava por um gauchito na estrada eu fazia como os caminhoneiros, buzinava para agradecer. O que poderia ser um milhao de problemas como bomba de gasolina, TPS, velas, injeçao e um monte de coisas era simplesmente a porcaria da gasolina podre que coloquei em um posto, exatamente como o Leo tinha dito. No final das contas a Strom e eu tínhamos o mesmo problema: precisavámos de descanso e boa alimentaçao, hehehe.
Chegamos no final da tarde a Comodoro Rivadavia, a entrada da cidade surpreende. Curvas e curvas entre morros, muito lindo mesmo. Já a cidade em si é um *, para nao escrever outra coisa. Bagunçada, trânsito louco (padrao na Argentina), feia mesmo. Mas nao em nada tira a beleza dos lugares que vimos no caminho hoje.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Dia 4 - 28/12/2009 - Santa Rosa/Puerto Pirámides

Esse foi um dia longo...
Início com a rotina de sempre: acordamos cedo (nem tanto), tomamos café e pegamos a estrada. Nossa primeiro objetivo era chegar a Rio Colorado, no caminho fomos ultrapassados por uma XT 600 azul, com placas do Brasil. Passamos por um posto de combustível, e logo em seguida vemos a mesma XT no sentido contrário. Fiquei pensando "por que o cara tá voltando?" mas segui viagem. Quando entramos na Ruta 154 e vi a placa com a distância até Rio Colorado entendi o motivo da XT estar voltando. A distância até o próximo abastecimento era de mais de 250km da cidade de Santa Rosa (nosso ponto de partida), uma distância muito apertada para a autonomia da XT com tanque original. Ele estava voltando para abastecer naquele posto e então chegar tranquilamente a Rio Colorado. Aliás, era isso que deveríamos ter feito, ao menos com a XT do Edgar. Fazendo as contas, ele certamente sofrer uma pane seca no caminho, o que realmente aconteceu uns 20 kms antes do primeiro abastecimento de Rio Colorado. Deixamos ele e seguimos viagem, quando cheguei lá abasteci a moto e o bidón de 10 litros e voltei para resgatá-lo, enquanto o Léo e a Rose ficaram no posto descansando um pouco. Após o resgate, entrei na loja de conveniência para almoçar, e lá conheço o Renato, piloto da XT que passamos na estrada, cara muito gente fina. Ele, que também é de Porto Alegre, estava seguindo para o mesmo destino que nós: Ushuaia. Almoçamos, nos despedimos dele e seguimos viagem, pois ainda tínhamos muitos quilômetros para rodar.
 
Nosso almoço típico, o milanesa: um sanduba de presunto e queijo 
com um bifão à milanesa no meio!

Edgar e Renato almoçando

Sim, essa cara do Léo significa que ele vai comer todo 
o restante do sanduíche, hahahaha

Depois disso, pegamos um pouco de vento em uma retona, inclusive um rodamolino (redemoinho) pegou a moto do Léo e deu um p... susto nele. Abaixo de chuva, paramos para abastecer em Uzcudún, cidade que é um posto de gasolina no meio do nada. Mais tarde descobri que o senhor que atendia lá é o próprio Uzcudún, ou seja, o cara é a cidade, e a cidade é o posto de gasolina (e os milhares de hectares de campo e criação de ovelhas em volta). Imagino que quando ele viaja o pontinho no mapa que indica a localização da cidade se move com ele, hahahaha.

Chuva, vento e depois um arco-íris em Uzcudún

Após a parada estratégica nesta "metrópole", seguimos viagem em direção a Puerto Piramidés, nosso destino do dia. Em um dos abastecimentos, coloquei a gasolina normalmente, saí do posto e, quando fui ultrapassar um caminhão (a uns 500 metros do posto), a moto simplesmente começou a falhar, não passava de forma alguma de 5000 giros. Ficou impossível ultrapassar qualquer veículo, pois a mais do que 80 km/h a falha voltava a acontecer. Fiquei preocupadíssimo, afinal, foi a gasolina que coloquei ou algo da moto que estragou? E agora, a viagem recém iniciou e sei se poderei continuar, ou sequer voltar... Como não tinha opção, continuei seguindo viagem.
No caminho, pegamos mais chuva, frio, e quando chegamos na entrada da península, já anoitecendo e cansados, descobrimos que teríamos mais 80km de estrada da entrada do parque (que é cobrada) até a cidade em si.
Bom, fazer o quê, seguimos em frente e quando estávamos quase desistindo ("cadê essa cidade que não aparece nunca"), finalmente chegamos. Foi muito bizarra a chegada à noite, pois como chegamos de uma parte mais alta - a cidade fica no nível do mar, em uma curva à esquerda - a impressão que se tinha é que a estrada acabava no morro e não existia cidade nenhuma... até que olhei para o lado e vi as luzinhas das casas e a avenida principal. Esse dia para mim com certeza foi o mais cansativo, estava tão exausto que quando estacionamos as motos para procurar a pousada, consegui a proeza de colocar a roda traseira em cima de uma pedra que não tinha visto. Resultado: a traseira escapou com a moto parada e fomos ao chão, de quebra quase levo o Edgar junto que estava do meu lado. Foi muito engraçado ver o Léo  olhando para os lados perguntando "cadê o Alexandre?". Ele esqueceu de me procurar no chão, hahahaha.
No final das contas, achamos a pousada, nos acomodamos e ainda jantamos muito bem. Depois de tudo isso, merecido descanso para um dia cheio como esse.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Dia 3 - 27/12/2009 - Luján/Santa Rosa

Saímos de Luján cedo, pegamos a estrada logo em direção à cidade que ficasse mais fácil de, no dia seguinte, chegarmos a Puerto Pirámides. A viagem foi um pouco cansativa pois a temperatura estava elevada. Apesar disso, o caminho era muito bonito, tinha trechos com enormes campos de girassóis em ambos os lados da estrada.
Em uma das paradas de abastecimento, encontramos uma família inteira da Bahia viajando em uma van, estavam indo para Perito Moreno ver o glaciar. Achei meio estranho, lembrei a eles que a cidade de Perito Moreno e o glaciar de Perito Moreno são em lugares completamente diferentes, o glaciar fica na cidade de El Calafate, muito mais ao sul. Eles ficaram surpresos em ter que refazer o roteiro na hora assim, hehehehe.
Mais para o final da tarde chegamos em Santa Rosa para o abastecimento, olhamos no mapa e decidimos ficar por ali mesmo, afinal já estávamos cansados e no outro dia o tiro não ia ser tão longo para chegar em Puerto Pirámides. Neste lugar ainda encontramos dois paranaenses que estavam indo em direção a Bariloche e depois Chile, um deles tinha tirado carteira há pouquíssimo tempo e já tinha se atirado em uma viagem dessa magnitude em uma TDM 850. O Léo ficou boquiaberto com essa, hahahaha.
Conseguimos um hotel muito bom na estrada mesmo, ao lado do posto de gasolina e na frente do cassino. Aproveitei, depois de instalado, para dar uma olhada na moto e descansar um pouco. Depois jantamos no próprio restaurante do hotel (excelente).
Após a janta, notei uma luz muito forte piscando em cima do hotel, como se fosse um estrobo. Fiquei cabreiro, depois notei que o "estrobo" na verdade estava por toda a parte e não só acima do hotel, então percebi que era uma tempestade de raios que estava anunciando o toró que ia cair durante a noite. Foi muito legal, consegui filmar um pouco antes da chuva e postei no Youtube:





Trajeto de Hoje

Exibir mapa ampliado

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dia 2 - 26/12/2009 - Concórdia/Luján


Segundo dia de viagem, tomamos café com o Jorge e com Mara na própria pousada onde estávamos hospedados. Por conta disso, acabamos saindo bem tarde da cidade, passadas 10hs da manhã.
 
Jorge, Edgar e Mara, pouco antes do café da manhã

O Jorge e a Mara nos acompanharam até a saída da cidade, quando começou a chover bem fraquinho. Beleza, chuva no segundo dia de expedição... bom, seguimos viagem por mais alguns quilômetros, a chuva começou a intensificar e adiante de nós só víamos nuvens pretas. Daqui a pouco a chuva ficou muito forte e com vento, a ponto de se enxergar muito pouco à frente. Paramos em um posto de gasolina para nos abrigarmos e daí sim o céu desabou, foi uma verdadeira tempestade, até os carros estavam parando. Acabamos ficando ali mais de uma hora esperando a chuva passar ou ao menos ficar menos forte.
 
Esperando a tempestade passar...

 
Marrecos (acho eu) no posto de gasolina

Depois de algum tempo a chuva diminui e seguimos viagem. Logo parou, o dia abriu e voltamos a viajar em um ritmo bom. Quando chegamos perto de Zárate, um posto da polícia caminera (a rodoviária de lá) com vários policiais no meio da pista. Fiquei pensando no que todo mundo falou, que aqui era o lugar que seríamos achacados com 100% de certeza. O Léo que estava mais a frente passou sem problemas, mas acho que o fato de uma moto grande ter passado "acordou" os policiais, que não perderam a oportunidade de parar a mim e a ao Edgar, que vínhamos um pouco mais atrás. Parei a moto, apresentei todos os documentos, o Edgar fez o mesmo, esperei um pouco e o policial disse que estava tudo ok... para mim. O policial que atendeu o Edgar inventou uma multa de excesso de velocidade na frente do posto, disse que ele passou ali a 47 km/h em vez dos 40 km/h permitidos. O policial na cara dura inventou uma infração, disse que tinha que ser paga e o valor era de absurdos 600 pesos. Obviamente esse era o primeiro valor, quanto mais esperássemos menos teríamos que pagar, se tívessemos que pagar algo. Resumindo a ópera, ficamos 3 horas nessa função até que o Edgar fosse liberado, pagando 20 dólares e 100 pesos.
Com esse atraso inesperado, ficou claro que não conseguiríamos chegar até nosso destino que era Trenque Lauquen, então resolvemos ficar na cidade mais próxima, que era Lujan. Chegamos lá só à noite, ainda recebemos ajuda de 2 motociclistas que nos levaram até o centro da cidade para encontrarmos hotel.
Acabamos ficando em um que parecia bom, mas depois de ver o quarto (e o banheiro) percebemos que era um baita muquifo. A cidade em si parecia o paraíso dos motoboys, cheio de motos pequenas andando nas ruas, com surdinas abertas, pessoas sem capacete, e motinhos com 3 e até 4 pessoas (!!!) espremidas no banco.
Apesar dessa má impressão (hotel muquifo+bagunça), ainda saí para passear um pouco e "jantar" um delicioso sorvete na heladeria na frente do hotel, cujo dono era muito simpático e ficou conversando comigo um tempo. Depois disso, voltei para o quarto para dormir, pois o outro dia ia ser longo...

Trajeto de Hoje


Exibir mapa ampliado

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dia 1 - 25/12/2009 - Porto Alegre - Concórdia (AR)

Primeiro dia de viagem, acordo cedo, carrego a moto e tento comer um café reforçado, mas não consigo comer tudo, a ansiedade é muita. Chego no local de encontro, um pouco de espera, os companheiros de viagem chegam e partimos. Nem saímos do centro de Porto Alegre e a bagagem da moto do Edgar quase caiu toda, de tão bem arrumada e amarrada que estava (hahaha).
Viagem tranquila até Santana do Livramento, fazemos a declaração de entrada no Uruguai e então comemos um bauru muito suspeito no que aparentemente era o único lugar aberto da região. Entramos de volta no Brasil e seguimos para Quaraí, onde o Jorge, namorado da Mara, estaria nos esperando para nos guiar por um caminho através do Uruguai até Concórdia.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Roteiro


O mapa acima mostra o roteiro previsto para os primeiros 14 dias de viagem. Obviamente se leva muito menos tempo para se chegar em Ushuaia, nós que resolvemos fazer uma viagem mais calma nessa primeira etapa. Assim, em vez de nos apressarmos para chegar logo no objetivo e curtir o caminho só na volta, na ida mesmo vamos parando em cidades onde existem atrações, ficar nelas um ou dois dias (de repente mais) e então continuar até a próxima atração. Dessa forma, de cara já vamos visitar a Península Valdes (quem sabe a gente dê sorte e consiga avistar uma baleia, mesmo um pouco fora de época), depois rumamos para El Calafate, onde podemos visitar, entre outras coisas, o glaciar Perito Moreno.
De El Calafate, atravessamos a fronteira para o Chile e rumamos para Torres del Paine, sinceramente um dos lugares que estou mais ansioso por visitar. Continuamos então pelo Chile, atravessamos o Canal de Beagle, entramos na Argentina novamente e então o destino final, Ushuaia.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Grupo

Primeiro post é sempre um porre, a gente não sabe o que escrever, fica um monte de idéias rodando na cabeça, mas nada acaba sendo escrito. Bom, "first things first", vou começar apresentando o grupo.
Nosso grupo é formado por quatro pessoas em três motocicletas: meu colega de trabalho e amigo Leonardo, com sua esposa Rose vão em uma TDM 850. O primo do Leonardo, Edgar, vai na XT 600 emprestada pelo próprio Leo e eu, Alexandre, vou na minha V-Strom.